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6 de fev. de 2016

O MOSQUITO AEDES AEGYPTI, GENETICAMENTE MODIFICADO, TORNOU-SE UMA "CAIXA PRETA" DO VÍRUS ZIKA???

Um artigo-reportagem publicado no The Ecologist (http://www.theecologist.org/News/news_analysis/2987024/pandoras_box_how_gm_mosquitos_could_have_caused_brazils_microcephaly_disaster.html)

traz, no meu entendimento, uma enorme preocupação sobre a possibilidade de que a modificação genética do Aedes aegypti causou um aumento da virulência do zika, tornando-o amplamente maléfico ao ser humano.


Vejamos alguns trechos desse artigo-reportagem (com citações de vários artigos esclarecedores).

In Brazil's microcephaly epidemic, one vital question remains unanswered: how did the Zika virus suddenly learn how to disrupt the development of human embryos? The answer may lie in a sequence of 'jumping DNA' used to engineer the virus's mosquito vector - and released into the wild four years ago in the precise area of Brazil where the microcephaly crisis is most acute.

Na microcefalia epidêmica no Brasil, permanece uma questão vital não esclarecida: como o vírus zika repentinamente aprendeu a perturbar o desenvolvimento de embriões humanos? A resposta pode residir numa sequência de "jumping DNA" [= ver a seguir] utilizado para a engenharia do mosquito vetor do vírus  -  e que foi liberado no ambiente silvestre quatro anos antes, exatamente nas regiões do Brasil onde a crise da microcefalia é mais aguda.

["Jumping DNA":   Barbara McClintock mostrou que certos fragmentos de DNA, chamados transposons, podem ser ativados para transpor ("jumping" = saltar) de uma posição para outra, em um cromossomo. Ela lançou a hipótese de que tal transposição fornece um meio de reorganizar rapidamente os genes em resposta ao estresse ambiental].

o autor mostra a relação entre "o epicentro do surto do zika na mesma área onde os mosquitos geneticamente modificados foram soltos em 2015" (figura abaixo).


E agora, alguns comentários do artigo-reportagem,  que penso ser muito importantes.  Diz respeito a um transposon bastante utilizado em terapia gênica humana e que foi utilizado pela empresa Oxitec, que modificou geneticamente os mosquitos que foram soltos em Juazeiro (BA): o transposon "piggyBac".
O transposon piggyBac tem sido utilizado em terapia gênica humana. Até células humanas T (do sistema imunológico) têm sido transformadas pelo piggyBac. Isso nos deixa poucas dúvidas de que os transgênicos originados do transposon no mosquito transgênico, possa transferir-se horizontalmente para células humanas. Esse transposon piggyBac induziu no genoma amplas mutaçōes por inserçāo, rompendo muitas funções gênicas.

"Has the GM nightmare finally come true"?  = Finalmente, o pesadelo do gene geneticamente modificado tornou-se realidade?

O Aedes egypti geneticamente modificado pela Oxitec utilizou o piggyBac.

E assim sendo, os mosquitos geneticamente modificados carregaram grande possibilidade de serem responsáveis pelos problemas de microcefalia no Brasil. Pelos mecanismos seguintes:

1. Milhões de mosquitos soltos em Juazeiro, em 2011/12, sobreviveram.

2. Eles cruzaram com as populações de mosquitos silvestres.

3. O transposon piggyBac no Aedes aegypti geneticamente modificado, teve a oportunidade de "saltar" para o vírus zika, em inúmeras ocasiões, provavelmente.

4. Certas linhagens de zika, com mutações, adquiriram vantagem seletiva, tornando-se mais virulentas e capazes de penetrar e alterar o DNA humano.

5. Uma maneira na qual isso se manifesta é a alteração no desenvolvimento do embrião humano no útero. Outras manifestaçòes ainda estão por serem descobertas.

6. É bem possível que o próprio piggyBac transposon tenha penetrado no DNA dos bebês (embriões)  expostos ao vírus zika modificado; tendo sido  assim uma forma de perturbação do mecanismo do desenvolvimento embrionário.


O artigo-reportagem divulgado em The Ecologist (link no topo desta postagem) esclarece muitos outros pontos desta questão de grande importância para nossas vidas, nestes tempos em que o entusiasmo com as possibilidades biotecnológicas de solução de nossos problemas com microrganismos causadores de doenças, parecem atropelar o bom senso que deveria prevalecer com respeito aos milhões de anos da evolução do genoma que queremos manipular em alguns anos ou dias num laboratório.

Uma temeridade!!!




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